O Meu Partido Socialista, por Mariana Burguette

 

Ser do PS, foi algo que sempre conviveu em mim, desde o momento em que adquiri alguma consciência política. Levanta-se a questão de ser mais ou menos activa em termos de participação. Como entendo que a mudança, a construção se faz através da acção, decidi militar activamente.

Na minha opção esteve presente um ideal, um rumo…

Um rumo completamente diferente que dei à minha vida. A personalidade que ajustei com as vivências. A força que me vi obrigada a descobrir. A aprendizagem que adquiri, as pessoas que conheci, as experiências que vivenciei.

Quando entrei para o PS, estava José Sócrates na governação do país. A crise já estava instaurada mas avizinhava-se um futuro ainda mais apertado. E assim se confirmou. Os tempos não são fáceis, os esforços não são poucos.

A direita instalou-se: um Presidente, uma maioria e um governo! O sonho de alguns, tornou-se assim realidade e, nessa medida, pesadelo para todos, até mesmo para muitos dos que, através do seu voto, contribuíram para este cenário político.

Ao olhar para o passado e a reflectir sobre o presente, dou por mim a imaginar o futuro.

Um futuro em que aparece mais Partido Socialista, mais Esquerda. Um futuro em que consigamos construir uma sociedade que, na minha opinião, necessita de ter um pilar ideológico de esquerda para poder evoluir. Uma sociedade com mais equidade social, mais justa, mais equilibrada.

Tento ser muito optimista e imaginar um futuro possível. Um futuro onde os jovens não tenham de sair do seu país para poder ter uma boa qualidade de vida, um futuro em que o partido governante dê igualdade de oportunidades a todos os cidadãos, um governo que incentive os jovens a estudar, bem como a investir numa carreira. Um Estado que olhe para os mais novos, para os mais velhos, que deixe de parte o assistencialismo, que pondere na decisão, que ouse, que tenha visão, pensamento, acção e que esta contemple TODOS, na diferente medida de cada um.

De facto e à luz do momento actual, esta perspectiva parece surreal. Hoje em dia, o nosso quotidiano rege-se por palavras-chave: aumentos, cortes, sacrifícios que nos conduzem a um verbo: sobreviver!

Contudo, sou do PS por isso não deixo de acreditar!

Sabemos que os momentos são muito difíceis, aliás esta deve ser a frase mais ouvida no último ano, porém nada nem ninguém nos pode retirar a capacidade de lutar, de querer fazer diferente. Vivemos em democracia e não a devemos suspender, como alguém do partido que governa em tempos almejou…

Vivemos em democracia e podemo-nos expressar! Façamo-nos ouvir! Com coerência, com ponderação, com credibilidade! E agora vou pegar exactamente nesta palavra: Credibilidade.

Já há uns tempos que tenho falado nisto: a credibilidade do povo português. José Sócrates foi vítima da mais orquestrada contestação política e pessoal. Foi um homem massacrado. Julgado na comunicação social, julgado nos cafés, na conversa das vizinhas… No momento da escolha, o povo português foi às urnas e votou. Votou, escolheu e escolheu a mudança. Temos a mudança! Será que há arrependimento? De certeza! Mas e agora? Onde está a credibilidade dos que inviabilizaram um PEC IV e compraram uma Troika? Onde está a credibilidade dos que reclamavam aumentos salariais e agora ficam sem subsídio de Natal? Onde está a credibilidade dos que foram carrascos de si mesmos?

Hoje o povo que votou e escolheu, queixa-se. Mas queixa-se da sua escolha? Questionou-se de facto no momento em que a fez?

Há uma série de contradições que me fazem reflectir naquilo que é a cidadania no seu pleno exercício. Em que medida ao votar, cada um tem consciência do que realmente está em jogo, ou simplesmente, aposta noutra fixa, como se a vida democrática mais não fosse que um jogo de roleta.

Hoje, inseridos numa Europa moribunda, que urge repensar e reanimar, estamos neste País com Outono estival, um dia após outro, cada vez mais fechados numa sobrevivência que nos empurra para um abismo de ideias, de esperança, de alternativas.

Por isso e porque desistir é impensável, há que encontrar, por parte dos que fazem política, novas formas de a levar aos cidadãos. Repensar modelos, fórmulas, conceitos. A política é para as pessoas e feita com as pessoas. Aproximemo-nos delas, mas sem intuitos demagógicos que, mais cedo ou mais tarde, se pagam caro. Façamos política porque acreditamos. Olhemos para o Outro e menos para nós mesmos. Vejamos um país e esqueçamos o nosso quintal. Olhemos para um Povo que queremos representar e sejamos merecedores desse estatuto.

Autênticos. Conscientes. Críticos. A política desenha-se, reformula-se, deve acompanhar a mudança e ser agente de mudança.

Sou do Partido Socialista! Não desisto!

 

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Da série de artigos “O Meu PS”, escritos por amigos, militantes da Juventude Socialista e/ou do Partido Socialista, que acederam ao nosso convite para reflectirem sobre o presente e futuro do PS.

Mariana Burguette é militante da Juventude Socialista e Partido Socialista de Sintra.